Se o PT não se aprumar e acertar seu rumo ideológico com o respectivo programa mínimo, em poucos anos não passará de mais um partido social democrata, leal servidor do Sistema, com leve e hipócrita linguajar esquerdista. Já há dezenas de partidecos assim Mundo afora.
Entretanto, este ainda não o cerne da questão: o que realmente emperra a evolução política e social é o imobilismo, o comodismo e a falta de um projeto estratégico por parte do próprio governo petista.
Há, não só no PT como nas esquerdas de um modo geral, uma evidente escassez de cérebros capazes de promover um aggiornamento das teses marxistas, num momento em que o próprio modo de produção capitalista dá sinais de que entra em estado de esvaecimento. É o que chamo de fase crepuscular.
Em dezenas de artigos neste blog blog tenho procurado demonstrar que já vivemos, sob muitos aspectos um fase pós capitalista que eu chamo de Neofeudal.
Uma das características desta fase é a hegemonia inconteste do Capital Financeiro parasitário e globalizado, sobre os demais componentes das classes dominantes, como se dizia antigamente.
Isto quer dizer que a renda (uma característica feudal) se sobrepõe à produção. E os governos (burgueses democráticos), via bancos centrais, são meros instrumentos dóceis desse esquema que não conduz a nada, a não a bolhas especulativas cada vez maiores.
O Capital, definitivamente, desprega-se das reais necessidades o ser humano. Daí seu caráter altamente destrutivo, a começar pela Natureza.
Mas não é só isso: há um fuga massiva de capitais dos setores de produção de mercadorias para os Serviços. Este setor propicia lucros, mas não enseja a acumulação (reprodução ampliada). Daí crescimento econômico mais modesto nas sociedades predominantemente de serviços.
Finalmente há um visível crescimento da terceirização não só nas relações do trabalho como entre empresas, num movimento característico de vassalagem. Daí o aroma neofeudal.
Disso tudo resulta a sensação de “fim das ideologias”, uma simplificação preguiçosa para um fenômeno novo: o surgimento de novas ideologias em substituição gradativa (quase imperceptível) da tradicional bipolarização ideológica entre burguesia e proletariado. Duas classes, aliás, que ingressam também em fase de esvaecimento já que são indissociáveis do modo de produção capitalista que, como dissemos, vive seu momento crepuscular.
Chega-se, então, à extrema simplificação no nível jornalístico onde pode ser feita a seguinte descrição: o chamado universo político partidário (exemplo brasileiro, mas que serve para quase todo o Mundo) ficou dividido em partes quase iguais por dois grandes blocos. O de Centro-Esquerda (social democrata) ocupado pelo pacto PT-PMDB, mais partido menores e semelhantes. E o de Centro-Direita ocupado pela união, quase fusão PSDB-DEM.
A diferença ideológica entre estes dois pólos é tão tênue ou irrelevante que eles revezam-se no poder, (perdem ou ganham eleições) não tanto pelo discurso, mas pelo desempenho da economia. Ou seja, com um ou com o outro, não haverá mudanças estruturais importantes, nem muito menos qualquer ameaça ao modo de produção capitalista.
É claro que os sociais democratas têm maior sensibilidade para a questão social e os conservadores ou liberais puros não admitem interferência nas sacrossantas leis do Mercado. Mas , dependendo das circunstâncias, (crises econômicas ou impasses políticos) podemos ver que esses dois personagens trocam de papeis com enorme facilidade. Não é exagero afirmar que do ponto de vista do Sistema, são farinhas do mesmo saco.
Para economiza tempo e espaço abstraímos aqui os partidos de extrema esquerda e extrema direita. A maioria deles, principalmente os de direita, não tem cara própria e atuam, como correntes, dentro dos partidos maiores.
Seja como for, e como o Brasil passa por processo acelerado de homogeneização social a partir da ampliação das classes médias (um fenômeno antigo no Primeiro Mundo), surgem aqui também as ideologias pequeno-burguesas, fascistoides, preconceituosas e excludentes.
No seu conjunto eles são a prova cabal de que nada é mais compatível com o fascismo (enquanto mentalidade generalizada) do que o modo de produção capitalista m sua evolução natural.
A verdade é que ninguém, pelo menos no Governo e nos setores majoritários do PT, estabelece uma linha divisória entre o programa (projeto) petista e o pacto da governabilidade. O que há é um compromisso com o status quo e com as almofadas fofas do poder.
O PT não tem pacto nenhum com o PMDB. Ele e apenas esta amalgamando-se com esse grande partido sem ossos, para transformar-se num aglomerado social-democrata com viés conservador. Do PT original restou apenas a política externa. Mas mesmo esta, poderá, a qualquer momento, fazer uma inflexão ao centro, se é que já não o fez.
Fonte: Fatosnovos
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