Após ser surpreendida pela operação Voucher da Polícia Federal, que prendeu 33 pessoas por desvios de recursos do Ministério do Turismo, a presidenta Dilma Rousseff pediu um relatório detalhado das acusações do Ministério Público e de como foi montada a ação da PF, que envolveu cerca de 200 policiais. Dilma quer uma resposta rápida e pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que faça um relatório o mais breve possível.
Entre os presos até agora estão o secretário-executivo do ministério, Frederico Silva Costa, e o secretário nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins, filiado ao PMDB.
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, contou que a presidenta e o governo foram surpreendidos com as informações sobre a operação logo cedo, e que "ela (Dilma) quer saber o que aconteceu". "Se houver algum abuso, obviamente não haverá complacência", disse a ministra a jornalistas após se reunir com senadores do PTB e do PMDB no Congresso. "Esperamos que tudo tenha sido feito de forma correta, dentro da mais absoluta seriedade", disse ao comentar a operação da Polícia.
Esse discurso coloca pressão sobre a investigação policial e encontra apoio entre os aliados, que desde cedo questionavam a decisão judicial, que levou em conta a execução de um convênio firmado em 2009.
A investigação começou em abril deste ano e deve ser concluída em até 30 dias, segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo de Tarso Teixeira. Cerca de 3 milhões dos 4,4 milhões de reais do contrato teriam sido desviados. A necessidade de depoimento do ministro do Turismo, Pedro Novais, será definida pelo delegado responsável pelo caso.
Mais cedo, Novais conversou por telefone com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que por meio da assessoria assegurou apoio ao peemedebista. "Não há nada que afete o ministro e ele está junto com o governo buscando informações", disse.
Conselho Político
Na tentativa de acalmar a base aliada, Dilma vai se reunir amanhã com o Conselho Político, formado por presidentes e líderes de partidos que dão sustentação ao governo no Congresso. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também participará do encontro, no Palácio do Planalto, e fará uma exposição sobre os reflexos da crise econômica mundial no Brasil.
Dilma está muito preocupada com o impacto da queda das Bolsas nas ações da Petrobras. Os aliados reclamam da falta de liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União e das sucessivas demissões na Esplanada, no rastro dos escândalos de corrupção.
A presidenta vai aproveitar o encontro com o Conselho Político para pedir apoio e unidade à base aliada. Ela tem dito que está monitorando a crise "com lupa" para evitar a desaceleração da economia.
(Com Reuters e Agência Estado)
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