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sexta-feira, 20 de maio de 2011

“A última eleição da família Sarney foi essa em 2010”, diz vice-prefeito




Vice prefeito de Imperatriz Jean Carlo PDT


Fonte: IMPERATRIZ NOTICIAS


O vice-prefeito de Imperatriz, Jean Carlo, concedeu este mês em seu gabinete uma entrevista onde expõe opiniões sobre a situação atual de seu partido (PDT), que passa por uma fase de reorganização depois do falecimento de seu maior ícone, o ex-governador Jackson Lago.

Na ocasião, ele defende o rompimento da aliança entre o PDT e o PSDB, partido do prefeito Sebastião Madeira, fazendo críticas à sua forma de governar e a uma possível aproximação com o governo de Roseana Sarney, no qual os partidos fazem oposição.

“Hoje, percebemos um realinhamento do prefeito, através do PSDB, com o grupo Sarney, através de Roseana Sarney. Do ponto de vista político, nós, que defendemos uma causa, uma bandeira, não só por marketing, mas por convicção, entendemos que esse não é o melhor caminho. Não foi isso que a população de Imperatriz nos confiou em 2008 nas eleições municipais”.

Militante político desde a época de estudante do Ensino Médio, Jean Carlo é um dos fundadores da UMES (União Nacional dos estudantes) em Imperatriz, se tornado mais tarde, presidente da entidade. Disputou as eleições para vereador de Imperatriz em 2000, pelo PDT, ficando como terceiro suplente. Foi superintendente municipal de trânsito na gestão do ex-prefeito do PT, Jomar Fernandes durante um ano e seis meses, trabalho esse, que mais tarde, lhe rendeu a direção do CIRETRAN de Imperatriz, durante o governo de Jackson lago.

Filiado ao PDT há 15 anos, ele expõe, com orgulho, sua paixão à causa trabalhista que o partido defende e revela ser seguidor das idéias de Leonel Brizola (um dos fundadores do PDT nacional junto com Jackson Lago).

Veja a seguir, a entrevista na íntegra:


Escrito por Amanda Oliveira   


Atualmente o PDT passa por uma fase de reorganização, tendo como pauta temas delicados e que precisam ser resolvidos visando as próximas eleições. Esses impasses, sem dúvida, se tornaram mais evidentes após a morte do maior ícone do partido, Dr. Jackson Lago. Por quê?


Pelo fato de não termos uma liderança que possa substituir o Dr. Jackson neste momento, todas as decisões tomadas pelas suas lideranças regionais serão decisões colegiadas, para que a gente possa ter essa unidade. É natural que nessa nova organização do PDT, sem a presença do Dr. Jackson, cada linha de pensamento dentro do partido se aflore: uns mais à esquerda, outros com a composição mais centro esquerda e outros com a política mais de direita. Isso faz parte do processo político. O fato é que, com esse tipo de discussão, nós chegaremos a um projeto único dentro do partido.


Um possível rompimento com o PSDB está gerando opiniões divergentes entre os próprios pedetistas: há os que apóiam e os que são contra essa ruptura. Essa parceria foi firmada pelo próprio Dr. Jackson Lago para a disputa das eleições municipais de 2008, tendo o senhor como vice-prefeito na chapa do então candidato à prefeitura Sebastião Madeira. Hoje, o senhor apóia a quebra de aliança entre os partidos em questão. O que lhe fez mudar de opinião?


Nós construímos uma aliança em 2008, onde envolvemos todos os partidos, toda a sociedade, os movimentos sociais e etc., no intuito de construirmos em Imperatriz um projeto que refletisse no mesmo modelo do governo do estado através do Dr. Jackson. Eu, internamente, mesmo compondo a chapa com o prefeito Sebastião Madeira, tentei em vários momentos mostrar que há necessidade de haver um movimento popular na administração. Não consegui, fui sempre voto vencido. Hoje, percebemos um realinhamento do prefeito, através do PSDB, com o grupo Sarney, através de Roseana Sarney. Do ponto de vista político, nós, que defendemos uma causa, uma bandeira, não só por marketing, mas por convicção, entendemos que esse não é o melhor caminho. Não foi isso que a população de Imperatriz nos confiou em 2008 nas eleições municipais. Todos sabiam que era um projeto anti-Sarney. A autoridade eleita pelo povo, que é o prefeito, tem que cobrar do estado como representante legítimo dessa região. Isso não significa que nós fazemos oposição ou qualquer tipo de enfrentamento ao governo. Não é isso. Mas ao invés de estarmos fazendo alianças políticas com o grupo de Roseana, nós temos que cobrar que a governadora faça sua parte.


O presidente municipal do PDT Fernando Antunes divulgou nota afirmando que a parceria entre o PDT e o PSDB continua. O senhor poderia comentar essa decisão?


Ele emitiu uma nota em relação ao partido. Primeiro, que quando eu fiz a declaração (defendendo o rompimento entre os partidos), foi algo que estou defendendo como filiado do PDT, até porque não existe uma decisão coletiva do partido em relação a isso. Houve um equívoco, porque a declaração que eu fiz não foi em nome do PDT, até porque faço parte do diretório nacional, mas essas teses que serão discutidas internamente. Mas já conversei com ele (Fernando Antunes) está superado. Nós teremos no meio do ano as eleições do diretório municipal do partido e o próximo diretório é quem vai discutir isso. Agora, partido é feito pra isso, para discussões.


 O senhor citou um possível “alinhamento” entre o prefeito Madeira e a governadora Roseana Sarney. Na sua opinião, a que se deve essa aproximação?


Primeiro, existe uma aproximação política. A governadora tem interesse de se aproximar de Imperatriz, pelo fato de ter recebido poucos votos na última eleição, e o prefeito, que por não ter tido organização para fazer um mandato de oposição, entende que precisa ter recursos do governo do estado para conseguir realizar as ações que o município precisa.


 O PDT nacional aprovou em 25 de março sua convenção e decidiu que em municípios com mais de 200 mil habitantes, que é o caso de imperatriz, a prioridade do partido é lançar candidato do próprio partido, caso contrário, as alianças terão que ser homologadas pelo diretório nacional. Como o senhor, membro do partido, vê essa decisão?


Olha, nós participamos dessa convenção. Fui eleito ao diretório nacional do PDT. Aliás, eu retornei ao diretório, do qual participei na época do (Leonel) Brizola, de 1999 a 2001. Então, há uma resolução na qual precisamos lançar candidatura própria. O partido precisa ir pra rua, precisa mostrar sua cara e suas bandeira. Disputar eleições serve para que a população possa identificar essas bandeiras e os nomes que ele tem. Caso chegarmos ao próximo ano e não aja essa possibilidade de um projeto único do partido, ele deverá buscar alianças. Volto a afirmar que os partidos são nacionais, e o que acontecia no Maranhão era que nós tínhamos uma liderança, o Dr. Jackson, vice-presidente nacional do partido, e que por ser um dos fundadores do PDT, com toda sua história de luta, tornou-se uma referência no estado. Hoje, infelizmente, não temos mais o nosso saudoso Jackson Lago. Então o partido, no intuito de se fortalecer, baixou essa resolução. Isso significa que não podemos fazer uma aliança com o PSDB? Não, podemos sim fazê-la. Desde que alguns princípios estejam dentro do nosso leque de discussões. O partido não pode ser aliado à oligarquia Sarney, caso se alie, praticamente estará fora da nossa coligação.


Hoje, qual seria a aliança dos sonhos para o PDT visando a disputa das próximas eleições?


Eu tenho defendido que o PDT chame os partidos do campo democrático e anti-Sarney da cidade. Quem podemos chamar para essa discussão? O PCdoB, PSB, alguns setores do PT, que apesar de está nacionalmente e no Maranhão com uma intervenção de alianças, aqui em Imperatriz sempre tem mantido um discurso anti-sarneysta, para que a partir daí, possamos discutir um projeto administrativo.


 O senhor vem tecendo duras críticas no seu blog à gestão do prefeito Madeira. Entretanto continua no quadro político da prefeitura, sob alegação de que já que o convite para compor a chapa partiu do dele, cabe a ele lhe exonerar do cargo. O senhor não teme ter sua imagem desgastada por continuar participando de uma administração da qual não concorda?


Quando eu fui eleito em 2008, foi uma decisão soberana do povo, então, no meu caso, não há exoneração. Independente de eu concordar ou não com as decisões do prefeito, eu tenho que cumprir meu mandato até dia 31 de Dezembro. Quando eu fiz essa colocação, em relação aos pedetistas deixarem seus cargos na gestão do prefeito, o fiz me referindo aos nomeados. Entretanto, como não fui consultado sobre a participação de qualquer companheiro pedetista na administração, logo, não cabe a mim convidar ninguém a se retirar do governo. Quem convidou foi o prefeito, quem nomeou foi ele. Então, eu me sinto bastante a vontade no sentido de não emitir opinião sobre essa. Se eu tivesse os convidado, os nomeado, aí sim, me sentiria na responsabilidade de chegar e pedir para que eles se retirassem. Sobre o desgaste em relação à administração, afirmo que tenho feito minha parte. Como eu tentei internamente, durante esses dois anos, não mudar algumas posições, eu também tenho feito isso publicamente. Isso no intuito de tentar mudar o ”curso do leito do rio”. Logo, é natural que esse desgaste exista quando faço críticas ao governo, que algumas pessoas reconheçam e que outras critiquem. Mas pelo menos eu tenho a consciência tranqüila e ando de cabeça erguida na cidade dizendo às pessoas que eu tenho cobrado das autoridades.


Se o senhor fosse prefeito de imperatriz, o que faria de diferente em relação à gestão do atual prefeito?


Primeiramente haveria mais participação popular. Quando você envolve a comunidade na administração, ela se sente mais parte dela. Uma cidade do tamanho de Imperatriz, com setores importantes que temos, como é o caso dos setores empresariais, sindicais, associativos e comunitários, precisam ser envolvidos através de conselhos municipais das áreas. O que se percebe é que não há um interesse do governo em fazer com que esses setores se fortaleçam. A maioria das administrações acha que, fazer com que esses conselhos funcionem, por terem o poder de fiscalizar, pode vir a se tornar “pedra no sapato” dos governantes. Mas não é. O conselho quando funciona de forma bem organizada, se torna, na verdade, uma representatividade importante na comunidade. O segundo ponto seria fazer um planejamento. O recurso bem planejado e bem administrado pode resolver os problemas, assim você consegue ter um resultado mais palpável.


 O senhor pretende disputar algum mandato nas próximas eleições?


Não tenho interesse em disputar nenhum cargo em 2010. Disputar cargo é uma conseqüência. Hoje, estou mais voltado para o encerramento do mandato e ajudar a criar um novo projeto para Imperatriz, independente de está em cargo público ou não. Pode ser que amanhã eu mude esse pensamento, isso vai depender do coletivo.


 Em 11 de abril o senhor reproduziu um texto retirado do blog Wikileaks que critica uma possível omissão da imprensa tradicional de imperatriz em relação “às mazelas da administração do prefeito Madeira”.  No seu ponto de vista, a que se deve essa omissão da imprensa e o que precisa melhorar no jornalismo local em relação às coberturas políticas?


Eu não vou generalizar afirmando que seja toda a imprensa, é uma maioria. O principal cliente dos meios de comunicação de Imperatriz é a prefeitura municipal. Por isso, você percebe que na região Nordeste em si, as lideranças políticas com muito mais poder em relação à mídia do que nas regiões Sul e Sudeste. Nessas regiões, os principais clientes são as multinacionais, não é o governo. Então, de certa forma, há um equilíbrio. O governo não manda na linha editorial daquele veículo. Pode até ter uma orientação, mas talvez não do governo e sim da própria empresa, de acordo com seu interesse particular. Já no Nordeste, como as empresas não tem o mesmo potencial do Sul do país, a maioria da mídia hoje, sobrevive através destes clientes.




* Entrevista produzida para a disciplina de Gêneros Jornalísticos UFMA.



Um comentário:

  1. Não tem nada a declara depois dessa.

    Onde vamos para com tudo isso.

    Pessoas Sérias não ficam no poder será porque ?

    Abraço Companheiro espero que dessa vez eles não voltem mais...

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