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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Mubarak recebeu ligação de Sarney depois de deixar o poder


Hosni Mubarak não está gripado. Mas, nos últimos dias, anda com uma dor de cabeça daquelas. Ele chega na ampla sala do palácio egípcio pouco depois de anunciar sua renúncia usando um roupão branco com suas iniciais em dourado. H.M. O ditador caiu, mas ainda exibe uma certa empáfia. Apesar da pose, reparo que ele se parece muito com o porteiro do meu prédio. Não só do meu, mas de vários prédios que já entrei. Esse pensamento me acompanhou durante toda a entrevista e tive de conter o riso – com medo de isso ser confundido com deboche. O ditador poderia perder a cabeça. Ou eu, no sentido literal.
O que o senhor vai fazer agora, depois do fim da ditadura?
Em primeiro lugar, nunca houve ditadura no Egito. O povo sempre pôde votar em quem quisesse, desde que fosse no Hosni ou no Mubarak. A liberdade era assegurada.
E quem não votasse?
Também tinha escolha. Era cadeira elétrica, apedrejamento ou forca.
Algum arrependimento?
Sim. Logo depois que eu renunciei, tocou o telefone, era o Sarney. Ele disse: “Se você tivesse me ouvido, isso não teria acontecido.” Concordo com ele.
A vida do povo do Egito melhorou no seu governo?
Claro que sim. Veja bem, antigamente o Egito só era lembrado em samba enredo. Agora todo mundo fala do Egito. Isso é divulgação.
O senhor pretende voltar?
E por que não? Se o José Dirceu voltou, por que eu não posso? O Collor está lá. Tudo é possível.
É verdade que o senhor acumulou uma fortuna?
Isso é uma calúnia. Eu não devo nada a ninguém.
Não é o que dizem…
Não devo mesmo. Paguei meu jatinho, minha mansão e meu iate à vista. (Por Nelito Fernandes, Repórter da ÉPOCA, escritor, autor teatral e redator de humor do Multishow)

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