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terça-feira, 19 de abril de 2011

O “fogo amigo” contra Madeira em Imperatriz


João Castelo
O tucano João Castelo tem mostrado até aqui muita habilidade política em lidar com os potenciais aliados para as eleições municipais de 2012. Só para exemplificar, tem no próprio governo o pedetista Clodomir Paz, secretário municipal de Trânsito e Transporte, a professora Miosótis Lúcio (PPS), Othelino Neto (PPS) e a ex-vice-prefeita de São Luís, Sandra Torres (PDT).

Castelo persuadiu ainda a deputada Graça Paz (PDT) a se afastar do cargo e permitir, assim, que Edvaldo Holanda (PTC) assumisse o mandato de deputado estadual com todas as prerrogativas, inclusive 19 cargos.

Por conta da indefinição jurídica sobre quem deveria assumir o mandato de Graça Paz - se o suplente do partido ou da coligação - e antes do afastamento da deputada, Castelo também nomeou o ex-deputado Pavão Filho (PDT) como secretário municipal.

Mais recentemente, abriu diálogo com o Ministro Carlos Lupi (PDT) com o objetivo de selar aliança para 2012 reproduzindo a estratégia do “Tucano e a Rosa”. Diz-se que no cardápio teria o afastamento de um deputado federal tucano para que Weverton Rocha, suplente pedetista, assuma o mandato de deputado federal.

Passo a passo Castelo trabalha politicamente para construir a conjuntura política necessária a sua candidatura de prefeito em 2012.

Assim, mesmo com uma administração muito complicada e difícil, a realidade é que Castelo navega bem no campo político-partidário e pode até vir a se salvar no ano que vem.  

Sebastião Madeira
Outro tucano, mas  que segue caminho diferente, é o prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira. Enquanto Castelo surfa bem na política, Madeira perde amigos e aliados e tem uma administração com uma grande reversão de expectativas por parte da população que apostou tudo no tucano.

Quer dizer, além de não ter até aqui se revelado no campo da gestão pública começa a tropeçar nas peças políticas do tabuleiro partidário imperatrizense.

Hoje, por exemplo, a relação de Madeira com o deputado estadual Carlos Amorim (PDT) pode-se dizer que não é das mais fecundas. Apesar de não existir conflito político publicamente revelado, os bastidores indicam o dissenso político e as insatisfações e frustrações recíprocas.

Carlinhos Amorim

Carlos Amorim está dedicado ao mandato e afirma-se como liderança estadual independente. O deputado não afugenta a possibilidade de concorrer à prefeitura de Imperatriz nas eleições do ano que vem, sentimento inflado por membros do PDT local.

Jean Carlo
O atual vice-prefeito Jean Carlo é outro pedetista que abriu o “fogo amigo” contra Madeira, defendendo às escâncaras candidatura própria trabalhista na Terra do Frei Manoel Procópio do Coração de Maria, como diria o saudoso Jurivê Macedo.

Edmilson Sanches
O vereador Edmilson Sanches (PSDB), embora continue no ninho tucano, não esconde o desejo e propósito de colocar seu nome para a prefeitura de Imperatriz em 2012. Evidentemente que para isso precisa resolver seu nó górdio que é sair do PSDB preservando o mandato de vereador.

A novidade agora é o ex-vice governador Pastor Porto (PSDB) abrir fogo contra Madeira.
Pr. Porto
Até há pouco tempo, Pastor era pupilo de Madeira inescondivelmente. Quem não lembra que Porto mudou de partido (PPS para PSDB) para ser candidato a vice-governador de Jackson Lago em 2010? Porto atirava numa candidatura de deputado federal, mas de olhos na vice-governadoria de Jackson. Sob as bênçãos de “são” Sebastião Madeira, o homem conseguiu novamente ser candidato a vice de Jackson, como é fato consumado. A contradição do episódio é que o principal responsável para que Porto fosse indicado à vice de Jackson foi o tucano Madeira que, à época, defendeu praticamente sozinho essa bandeira do Pastor.

Hamilton Miranda
O vereador tucano Hamilton Miranda é outro amigo de Madeira, mas, aqui e acolá, apresenta seus dissensos políticos em público. Diz-se na Vila que Hamilton sonha em compor a chapa com Madeira, o que tornaria a chapa tucana “puro sangue”. 

A parceria administrativa Madeira-Roseana apresentou como portfólio relevante até aqui a escolha da Suzano para sede em Imperatriz, mas o prefeito segue confiante que do Palácio dos Leões sairão recursos para fazer frente aos desafios da segunda maior cidade do estado. É esperar.

Existem outros estorvos à pretensão de reeleição de Madeira. E, inegavelmente, o mais expressivo deles é a pré-candidatura do ex-prefeito Ildon Marques (PMDB), que não esconde o desejo de voltar a subir a rampa, como se diz na Banca do Chico, o “Parlamento Livre” da Praça de Fátima de Imperatriz maldosamente também chamado de “Boca Maldita”.

Ildon Marques
Ildon deixou registros simbólicos nas suas gestões em Imperatriz. Fez o “feijão com arroz” com eficiência, com a experiência de administrador que trouxe do setor privado. Pode-se lembrar, por exemplo, que foi ele o primeiro gestor a pagar o salário mínimo como a menor remuneração liquidada no serviço público em Imperatriz, claro que ele estava embalado pelos ideais do movimento político-social que ficou conhecido como o “movimento de janeiro de 1995” que resultou em Intervenção do Estado no município.

Até antes de Ildon, havia servidores que ganhavam salários inferiores ao salário mínimo da Prefeitura. Ildon acabou também com a onda de atrasos no pagamento dos servidores em Imperatriz, que era uma chaga das administrações passadas. Todos os servidores concursados hoje são da época de Ildon e são muitos os que defendem sua volta.

Mas os triunfos de Ildon são mesmo as dificuldades de Madeira como administrador público. Madeira, antes de ser prefeito, não tinha nenhuma experiência em administração pública. Imperatriz precisa de alguém que seja a um só tempo: administrador público e político. Madeira tem essa última condição pela ampla experiência parlamentar, já a segunda condição até aqui não foi revelada, pelo menos de modo notório, como penso ser o desejo da classe média e do povão.     

Os tucanos mais fiéis rezam a Santa Tereza D’ Ávila, para que Ildon seja enquadrado na Lei da Ficha Suja, porque aí Madeira não teria qualquer adversário relevante.
Um tucano de alta plumagem do tipo daquele que aparece no filme “Rio”, que não quis se identificar, me disse que “fora Edmilson Sanches, os demais expressivos ex-aliados de Madeira (aos quais chamo de “fogo amigo”) atiram para prefeito, mas na realidade estão de olho na posição de vice”.

Concluiu o tucano “são boleiros travestidos de centroavante que aceitam qualquer posição desde que sejam incluídos no time. Dizem que querem a camisa 10, mas aceitam até a camisa 45 no banco desde que tenha jetom”. Será que são tão miúdos assim? Prefiro não acreditar nisso, digo eu.

É que Ildon, o adversário relevante, teve sua candidatura de suplente de senador impugnada pelo Ministério Público Eleitoral nas eleições próximas passadas.

O Ministério Público Eleitoral em 2010 imputou (RCAN n.º 3044/93/2010) ao ex-prefeito Ildon que “após regular instrução, com produção de provas e observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa, o MM. Juiz Federal Substituto da Vara Única de Imperatriz entendeu pela condenação do ex-gestor ao ressarcimento do valor de R$ 2.736.793,00 aos cofres do FNDE, bem como suspensão dos seus direitos políticos por 05 (cinco) anos, pagamento de multa civil e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de 05 (cinco) anos, por violação ao art. 10, VIII da Lei 8.429/92”.

É que Ildon recorreu da decisão do TRF-1.ª Região, mas este apenas baixou o valor da condenação e manteve a parte da suspensão dos direitos políticos incólume.   

Disse ainda a Procuradora Regional Eleitoral Carolina da Hora que o ex-prefeito Ildon teria contra si uma decisão do Tribunal de Contas, que rejeitara as contas de gestão relativas ao Fundef. Assim, o TCE teria imputado débito a Ildon no valor de R$ 1.015.135,56 e mais multa de R$ 157.27,33.   

Ildon se defendeu dizendo que a Câmara de Imperatriz rejeitou o parecer do Tribunal de Contas e aprovou suas contas. E que a decisão do TRF-1ª Região na ação de improbidade administrativa não o torna inelegível por ausência de dolo. É que Ildon foi condenado culposamente e não dolosamente e que, por isso mesmo, no seu entender estaria fora das garras da Lei da Ficha Suja, lei complementar 135/2010.

Infelizmente, essa controvérsia jurídica permanece sem definição judicial ante a desistência e substituição de Ildon. É uma ferida jurídica aberta sobre a qual voltarei a falar depois. Estou me inteirando melhor da coisa. O fato é que nas eleições passadas pesou sobre os ombros de Ildon a pecha de ímprobo e ficha suja, pelo menos segundo o Ministério Público Eleitoral.

Jormar Fernandes
O ex-prefeito Jomar Fernandes poderá participar de algum modo das eleições em 2012. Fala-se em provável candidatura de sua mulher e ex-deputada federal Terezinha Fernandes. Para isso, evidentemente, tem que mudar de partido porque o PT seguirá logicamente o candidato da Governadora. Disso ninguém se iluda. Se nas eleições gerais do ano passado isso aconteceu em Brasília, imagine se Sarney perderia uma questiúncula dessa aqui na Paróquia para os chamados “petistas não alinhados com o Palácio dos Leões”. Nem pensar.

De qualquer modo, encontra-se aberta a terceira via“comunista-socialista-trabalhista em Imperatriz com nomes novos do PDT, PCdoB, PSB, PSOL, PCB, dentre outros.

Convenhamos, a geração Ildon-Jomar-Madeira deu uma grande contribuição para a política de Imperatriz: eles todos afastaram a política imperatrizense do crime organizado, da pistolagem, do banditismo, de um passado recente e terrível, que tem que ser lembrado – como os alemães lembram-se do holocausto – para nunca mais esquecer. É preciso lembrar para que o povo não permita que nenhuma idéia política que tenha as mínimas ligações com esse passado possa vir aflorar novamente. O fato é que estes três homens a partir e depois do movimento de janeiro de 1995 quando Ildon foi alçado Interventor de Imperatriz e, depois, pela via democrática das eleições sucessivas nos colocaram nesta nova fase, mas é preciso avançar mais.  

O fato é que Madeira não está nos melhores dias na sua especialidade que é a política. Por outro lado, como administrador público tem patinado nos enormes problemas de Imperatriz, o que tem desencadeado já há algum tempo um processo de reversão de expectativas por parte da classe média e do povão que apostou todas as fichas nele.
É que a população achava que, depois de Ildon e Jomar, Madeira seria “o cara”, mas até agora o tucano continua num “stop and go político-administrativo: “dois passos para frente e dois passos para trás”.

Valéria Macedo
Léo Cunha
Outro fator relevante a considerar neste já complicado tabuleiro é como se comportará  a bancada tocantina de deputados formada pelos deputados Carlos Amorim, Valéria Macedo, Dr. Pádua e Dr. Antonio Pereira, todos com algum interesse no jogo político de Imperatriz.   

Enfim, não bastassem as dificuldades naturais de gestor e da política do Estado, especialmente depois do golpe jurídico contra Jackson Lago, o “fogo amigo” corrói Madeira por dentro e por fora e ele não consegue sequer reagir. 

Dr. Pádua
Antonio Pereira
Depois (ou concomitante) do “fogo amigo” poderá vir o poder político e econômico do governo que naturalmente terá um projeto para o PMDB.   

É bom que Madeira se lembre que o ex-governador Jackson Lago sucumbiu ante o poder político e econômico do Sarney, mas também em grande medida pela ação estratégica e oportunista do “fogo amigo”. Os “aliados” do prefeito a, exemplo, dos de Jackson, pulam do barco um atrás do outro e é preciso prestar atenção nesse movimento.

Além disso, têm os “traíras”, as chamadas “aves de arribação” tão conhecidas entre nós imperatrizenses na música de Javier dy Mar-y-abá imortalizada na voz do nosso Neném Bragança.

Será se a história de “não-reeleição” em Imperatriz se repetirá? Ildon e Jomar não conseguiram e Madeira também não conseguirá? Será se o desempenho de gestor e político de Madeira e o “fogo amigo” também vão catapultar o homem em termos político-eleitorais? Será que a avenida estar aberta aos oportunistas de plantão? Ou a realidade é que Madeira se reelegerá ano que vem com base na máxima popular que nos é tão cara do “menos ruim?”.

Esses são os temas para outras matérias, mas uma coisa me parece certa: O ideal para Imperatriz (e para outros municípios e para o próprio estado, diga-se de passagem) é que tenhamos um prefeito (ou governador) que seja a um só tempo: bom gestor, bom político e que não seja ladrão. É isso!


 

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