Como avaliar o que as escolas perderam com o incêndio na Cidade do Samba. A União da Ilha perdeu 2 300 fantasias e teve parte de um carro danificada, num total de 2,8 milhões de prejuízos, segundo cálculo de seu presidente Ney Filardi feito no calor do fogo. A Portela perdeu 2 800 fantasias. A Grande Rio perdeu seus oito carros alegóricos e 3 200 fantasias. O presidente Helinho calcula as perdas em perto de 10 milhões de reais, aí incluídos equipamentos, instalações e matérias-primas. Esses são os dados materiais. Mas em relação ao Carnaval, ao desfile em si, o que essas escolas perderam? A União da Ilha subiu do Grupo de Acesso em 2009 e se manteve no Grupo Especial no ano passado com um belo Carnaval de Rosa Magalhães, mas que foi o suficiente para manter a escola no grupo de cima. Ficou num mirrado 11º lugar, superando apenas a Viradouro, que foi rebaixada. Foi uma vitória muito grande, pois ela havia acabado de subir e escolas nesta situação sofrem com dois problemas: 1- Abrem o desfile, pegando o público e os jurados frios e as arquibancadas ainda um pouco vazias; 2- Os jurados economizam nota, muitos deles se recusando a dar pontuação máxima para uma escola que acabou de chegar do grupo de Acesso. Mas o que a Ilha poderia esperar este ano? Seu Carnaval estava muito comentado. Gente boa, que havia visitado seu barracão, garantia que era até para disputar título. Vai saber. Sendo realista, a Ilha ainda não conquistou um campeonato no Grupo Especial e era uma das agremiações que lutavam para se manter mais um ano no grupo de cima.
Quanto à Portela, a escola está há 26 anos sem vencer um Carnaval. Seus últimos títulos foram em 1984 (junto com a Mangueira), 1980 (título dividido com Beija-Flor e Imperatriz) e 1970 (Lendas e Mistérios da Amazônia, um Carnaval inesquecível). Mas na bolsa de apostas a escola não estava muito bem cotada para ganhar este Carnaval. É uma avaliação preconceituosa, baseada no retrospecto recente da agremiação. Mas não se pode esquecer que, com 21 títulos, a azul e branco de Osvaldo Cruz e Madureira é a campeã das campeãs.
Do ponto de vista frio da competição, quem mais perdeu tanto em termos materiais quanto de expectativa de título foi a Acadêmicos do Grande Rio. A escola vem num crescendo significativo. Nos últimos cinco anos se manteve entre as cinco primeiras colocadas e obteve três vice-campeonatos (2006, 2007 e 2010). No Carnaval passado, a escola fez um total de 299,4 pontos contra 299,9 da campeã Unidos da Tijuca. É justo acreditar que este ano ela brigaria pelo título. Mas a maior perda é sem dúvida deixar de desfilar com as fantasias e alegorias. Os componentes vão cantar o samba com garra, farão um desfile emocionante, mas as lágrimas serão inevitáveis. Antes de tudo o sambista carnavalesco é um folião para quem a fantasia é um manto sagrado dos festejos. Ele investe na idéia e sofrerá neste Carnaval. Neste sentido, a perda é irreparável.
Fonte: Veja
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